Conto: Contruindo ponte (Marcelo Ackermann)

Certa vez, dois irmãos que moravam em fazendas vizinhas, separadas apenas por um rio, entraram em conflito. Foi a primeira grande desavença em toda uma vida trabalhando lado a lado, repartindo as ferramentas e cuidando um do outro.

Durante anos, ao final de cada dia, percorriam uma estreita, porém comprida estrada, que corria ao longo do rio para poderem atravessá-lo e desfrutarem um da companhia do outro. (mais…)

Published in: on março 23, 2020 at 2:27 pm  Deixe um comentário  

Conto: Caso de secretária (Drummond)

Foi trombudo para o escritório. Era dia de seu aniversário, e a esposa nem sequer o abraçara, não fizera a mínima alusão à data. As crianças também tinham se esquecido. Então era assim que a família o tratava? Ele que vivia para seus, que se arrebentava de trabalhar, não merecer um beijo, uma palavra ao menos!

Mas no escritório, havia flores à sua espera, sobre a mesa. Havia o sorriso e o abraço da secretária, que poderia muito bem ter ignorado o aniversário, e entretanto o lembrava. Era mais do que uma auxiliar, atenta, experimentada e eficiente, pé-de-boi da firma, como até então a considerara; era um coração amigo. (mais…)

Published in: on março 21, 2020 at 10:30 pm  Deixe um comentário  

Crônica: “Não” (Argumentação)

O texto a seguir foi escrito pelo engenheiro Haylton Santos, 48 anos e pai de três filhas, a pedido da revista Pais&Teens. Nele o engenheiro dá sua opinião sobre o uso de piercings, a propósito da seguinte pergunta, feita pela revista: “Body piercing: você deixaria seu filho usar?”.

Leia o texto e responda às questões propostas:

Não

 O uso do piercing me passa a ideia do ”ter que ter”, do ter que usar “porque minha tribo está usando”. Algo como na caneta Montblanc para os executivos.

Mesmo pensando na questão por um ângulo puramente estético, o piercing não me agrada. Eu ainda prefiro, por exemplo, os inúmeros aros no pescoço das africanas, ou os ossos e argolas dos poucos índios que nos restam. Além de me parecerem mais consistentes em sua beleza particular, tais enfeites têm significado cultural que ultrapassa uma fase de vida. (mais…)

Published in: on março 21, 2020 at 10:18 pm  Deixe um comentário  

Crônica: Eu sei, mas não devia (Marina Colasanti)

Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia.

A gente se acostuma a morar em apartamentos de fundos e a não ter outra vista que não as janelas ao redor. E, porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora. E, porque não olha para fora, logo se acostuma a não abrir de todo as cortinas. E, porque não abre as cortinas, logo se acostuma a acender mais cedo a luz. E, à medida que se acostuma, esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão. (mais…)

Published in: on março 21, 2020 at 10:12 pm  Deixe um comentário